Marcos Siqueira é um artista que vive e trabalha na Serra do Cipó, Minas Gerais, Brasil. Siqueira sempre morou no cerrado mineiro, onde trabalha com o solo, pesquisa seus fenômenos naturais e está envolvido com práticas de preservação ambiental. É da terra que ele tira os pigmentos com os quais cria sua escala cromática, composta por tons ocres, verdes, prateados, azuis, pretos, cinzas e vermelhos.

Sem Título, 2023. Pigmento sobre madeira, 90 x 90 cm

A singularidade da linha do horizonte, a vegetação característica, os animais, as pessoas, as festas, o trabalho, a recreação, e também a dinâmica subjetiva de transformação da natureza e dos sujeitos. Siqueira aproxima-se, ainda que instintivamente, dos mestres da pintura brasileira; a geometria inventiva de Alfredo Volpi e a força poética cotidiana de Amadeo Luciano Lorenzato. Ao retratar a si mesmo e ao seu povo de forma tão particular – gentil, generoso e sempre implicado – ele atualiza e acrescenta frescor à rica história dos cronistas de rua vitalmente enredados em sua própria obra, como Heitor dos Prazeres e Maria Auxiliadora no Sul Global; e Jakob Lawrence, Horace Pippin, Bill Traylor e Clementine Hunter no Norte Global.